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SEJAMOS TODOS EQUILIBRISTAS!

Julia Vaz. São Paulo, abril 2025.

Mari em Natarajasana

A todo momento, estamos em equilíbrio. Nosso planeta é regido, entre outras leis, pela lei gravitacional. Desde que somos bebês, navegamos o chão, usando nossos músculos de diferentes formas para encontrar o equilíbrio em diferentes posições. Primeiro, empurramos o chão com as mãos o que no yoga chamamos de “baby backbends”, algo como “extensões de coluna de bebês” – aliás, esta forma de mimetizar os movimentos de bebês, crianças, animais, é uma das mais conhecidas na nossa prática de posturas (ásanas), não é? Todo mundo conhece a postura da criança e a postura do cachorro! –, depois começamos a engatinhar, até que nos equilibramos sobre nossos pés.

O que é equilíbrio? Talvez surpreendentemente, aqueles que lidam com o assunto têm dificuldade em encontrar uma definição única. Tecnicamente, é a interação complexa de vários sistemas diferentes no seu corpo – desde músculos, nervos, visão e ouvido interno até o sistema sensorial que permite reconhecer onde seu corpo está tocando o solo, juntamente com receptores de movimento nas articulações que indicam onde seu corpo está no espaço. Não é algo com que nascemos, mas também não é algo que aprendemos da mesma forma que a fala – não é exatamente um sentido ou uma habilidade, mas uma capacidade que adquirimos cedo e perdemos com o tempo.

George Locker, praticante de tai chi chuan há muito tempo e autor de "Falling Is Not An Option" (Queda Não É Uma Opção), sugere que pensemos no equilíbrio como aquilo que nos permite aprender a andar de bicicleta após as primeiras horas de queda. Ele o descreve como "a resposta rápida e automática dos músculos posturais à sensação de desequilíbrio". Ou pensar no equilíbrio como algo que você constrói e, depois, algo que você tem – não algo que você faz.

Joel Snap - The Guardian

O truque é continuar balançando. Cada vez que você pratica a postura em uma perna só, é uma oportunidade de recalibrar seu cérebro, formando novas conexões e fortalecendo a coordenação entre seus ouvidos, olhos, articulações e músculos. Sensores em todas as nossas articulações e músculos continuam enviando feedback ao cérebro para que ele aprenda a melhor forma de mantê-lo ereto. Se você persistir, verá que seu equilíbrio pode melhorar surpreendentemente rápido.

Michael Mosley - BBC

Quando começamos a praticar ásanas, parece muito estranho ficar em uma perna só. Sentimos que não temos domínio do nosso corpo, que vamos cair. Isso é apenas uma forma do nosso cérebro nos “enganar”, afinal não são poucos os exemplos de pessoas que vivem e navegam este mundo com apenas uma perna, ou de pessoas que trabalharam seus músculos para andar sobre uma corda bamba, ou rodopiar sobre um único pé… As capacidades do nosso corpo são vastas, se deixarmos que nossa mente se aventure em um espaço maior. O medo é como uma porta fechada. Devemos experimentar abrí-la com frequência e ocupar outros cômodos, outros jardins, outras casas.

Quando testamos o equilíbrio do corpo, testamos também o equilíbrio da mente e do coração. Nas situações mais difíceis da vida, nos movemos em direção ao equilíbrio. Desafiamo-nos a nos manter firmes como árvores durante uma tempestade: oscilando naturalmente, acionando e despertando lugares internos para que nos mantenhamos não estáticos, mas estáveis dentro desta mobilidade.

É claro que isso não se faz de uma hora para a outra. Mas a prática inclusiva e gentil nos mostra que é possível ir devagar, também. E, de pouquinho em pouquinho, nos descobrimos tod@s equilibristas natos!

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